Wonka – Crítica

Wonka – Crítica

Baseado no extraordinário Charlie e a Fábrica de Chocolate, “Wonka” conta a maravilhosa história de como o maior inventor, mágico e O fabricante de chocolate se tornou o querido Willy Wonka que conhecemos hoje.

Num cenário hollywoodiano atual, onde a fantasia tem sido cada vez mais amenizada em prol de uma burocracia visual, filmes como “Wonka” se tornam joias raras por fazerem algo que sempre foi intrínseco ao gênero: acreditar no cinema para dar vida a sonhos.

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O longa dirigido por Paul King (“As Aventuras de Paddington”) tem um senso de encantamento em absolutamente tudo que compõe a narrativa. Desde a caracterização dos personagens, que é super fabulosa (como Olivia Colman toda suja e rindo roncando igual um porco), até mesmo na exploração da ação, onde os movimentos acontecem de maneira circense, com fugas mirabolantes e uma leveza anormal para os corpos, perceptível principalmente nas escapadas do Willy.

E talvez no papel mais desafiador (dado o tipo de elenco pouco expressivo), Timothée Chalamet brilha demais. Sua versão do chocolateiro não tem nada a ver com a acidez de Gene Wilder e muito menos com a estranheza anti-social de Johnny Depp. Sua versão é muito calcada no otimismo e na ingenuidade inocente de um jovem que pode mudar o mundo com uma barra de chocolate de cada vez. Ele é todo doce (trocadilho não intencional), altruísta de uma maneira que ganha o mundo num sorriso. Toda a interação dele com o chocolate (seja em CGI ou efeito prático) é fantástica porque o ator acredita em cada nome absurdo que sai da boca e em cada sabor maluco que inventa.

Surpreendente inventivo

Honestamente, é até surpreendente como o filme é inventivo e está sempre reforçando a crença na fantasia. Um bom exemplo de como ele faz isso é para cada um dos flashbacks que ele tem, representado de maneira diferente, com transição de fotografias, dança do Oompa Loompa e animação tradicional por cima de imagens realistas. E para cada um desses, há não só a transmissão de informação, mas um elo emocional desenvolvido.

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Não há medo de o “fantástico” ser destrutivo; pelo contrário, ele é um ponto de partida e desenvolvimento. A escolha de “Pure Imagination”, não só como música cantada, mas também como Leitmotiv sonoro, escancara como cada escolha da direção visa mergulhar na fantasia e no deslumbramento que o filme é todo chocolate têm a oferecer.

No mercado estadunidense carente de magia e encanto, “Wonka” traz o lúdico no jarro de uma velha franquia conhecida e, a partir disso, nos tira do chão e alça voo para um filme de pura imaginação.

Wonka está disponível nos cinemas brasileiros.