O Malvado: Horror no Natal – Crítica

O Malvado: Horror no Natal – Crítica

Recentemente, ao me preparar para um podcast sobre “O Grinch”, acabei me obrigando a ver a versão da Illumination (horrível, diga-se de passagem). É meio surpreendente que, mesmo “O Malvado” (The Mean One, no original), tendo 98% a menos do orçamento e se baseando numa ideia que parece fanfic de algum Tumblr emo de 2013, tenha ideias muito mais interessantes do que a contrapartida animada de 2018.

Reimaginando o conceito de “Como O Grinch Roubou o Natal” e bebendo muito da adaptação com Jim Carrey nos anos 2000, o longa abre reencenando a clássica interação do monstro verde com Cindy Lou antes de entrar de vez na ideia de transformar o conto de terror em humor negro.

Mas essa junção da ideia mais lúdica com a violência e humor desenfreados funciona? Em boa parte do tempo, não. Há uma preguiça muito grande em boa parte da realização das cenas, principalmente no começo. Tem uma cena logo no início em que o filme flerta com fazer uma cena mais “fofa” (fazendo uma referência ao livro original), mas não há elementos de mise-en-scène que te façam sentir aquilo, e ciente disso a direção insere um efeito bokeh horroroso que fica por cima dos personagens e dificulta a visão dos mesmos.

E ainda pior do que a cena de abertura são as cenas de morte, que, apesar de sempre escolher bem onde parar (fazendo com que fique na cabeça como a pessoa morreu), beiram ao inassistível por conta do uso tremido da fotografia para disfarçar o pequeno orçamento. Isso tudo somado ao quão esquizofrênico o tratamento dos personagens é, com personalidades mudando a cada 10 minutos, poderiam tornar este um dos piores lançamentos de 2023.

Por sorte (talvez nesse caso seja sorte mesmo), os defeitos do filme não o quebram totalmente, graças ao bom humor que ele tem na maior parte do tempo e a um flerte com a paródia não só do Grinch, mas do Dr. Seuss em geral. Os personagens vão a um bar chamado Hortons, são constantemente interrompidos quando vão falar o nome “Grinch” por alguém procurando um “Mr. Finch” e o bêbado da cidade se chama Doc Zeus. Além de todas essas piadas textuais, conforme o confronto vai surgindo e a protagonista decide que cabe a ela matar a criatura, o tom meio “Esqueceram de Mim”, com direito a enfeites de Natal que viram granada, vai melhorando o ritmo pelo absurdo.

Isso não é suficiente para tornar o filme bom, mas ao menos salva-o da impressão inicial de ser um genérico de “Terrifier” (e olha que o ator do Malvado está realmente se esforçando para ser um novo Art The Clown).

O Malvado: Horror no Natal está disponível nos cinemas brasileiros.