Folhas de Outono – Crítica

Folhas de Outono – Crítica

Ancorado no contraste entre calor humano e frieza política, “Folhas de Outono” encontra no romance e na fantasia um escape para um mundo que está desmoronando.

É comum no filme retratar a realidade sendo afastada pelos personagens ao mesmo tempo em que eles se interessam pelo fantástico. A protagonista Ansa está frequentemente trocando a rádio para escapar das notícias da guerra e, não à toa, se interessa não por um homem que lê jornais, mas por alguém que tem como passatempo ler quadrinhos clássicos do Superman.

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Interessante também como o contraste dita não apenas as características dos personagens (como mencionado acima) mas também o tom e o próprio design de produção, que utiliza cores fortes e bem destacadas em um cenário desgastado e opressivo.

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Esse cenário traz consigo uma série de coadjuvantes excêntricos que povoam as cenas com humor, que às vezes surge de opostos (como os trabalhadores de carga passada indo para um karaokê no tempo livre) e às vezes por interações, como na sequência do homem que espera um dia receber uma ligação de uma grande gravadora.

Justamente por toda essa narrativa contrastada, o romance soa tão orgânico. Em um mundo onde o contraste é a luta entre guerra e lúdico, nada mais natural do que o amor se intercalando com tragédia no meio de encontros e desencontros.

Folhas de Outono está disponível nos cinemas brasileiros.