Em O Senhor do Caos, o desaparecimento de sua filha em um festival local, uma reverenda investiga seu sumiço enquanto desvenda tradições religiosas e segredos dentro de sua pequenina cidade. | Texto escrito por Fernando Shoiti Yamamoto, do podcast EntusiaCast
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Folk Horror é um subgênero de terror no qual O Senhor do Caos se configura: misticismo, uso do folclore, isolamento rural e superstições com maus presságios. Um dos exemplos desse subgênero são O Homem de Palha (1973) e o segundo filme do diretor Ari Aster, Midsommar (2019).
Porém, o filme parece uma eterna promessa do que ele quer ser. Tentando usar do folclore para recriar algo meio místico ou sobrenatural, O Senhor do Caos passa apenas a emular cenas que procuram causar algum desconforto ou pelo menos criar uma tensão de medo, mas não é um nem outro.
A investigação, pelo menos, é um pouquinho mais interessante. Em nenhum momento é questionado os motivos da protagonista, vivida por Tuppence Middleton (Sense8 e O Destino de Júpiter), de desistir de procurar sua filha, independente do quão fundo ela vai ter que cavar ou perigos que ela vai ter que enfrentar. Porém, esse suspense se arrasta por muito tempo, se tornando cansativo e repetitivo.
Como telespectadores, tentamos empatizar com a protagonista nesta busca pela filha, porém, os constantes embates da religião cristã da reverenda com os preceitos religiosos da cidade parecem mais uma propaganda de igreja em cena ou outra. O discurso religioso que o longa de terror quer passar parece um pouco vazio e de vez em quando até confuso, não parecendo saber para onde quer ir e pincelando o tema apenas por pincelar. Discordo, porém, que sempre que temas como esses abordados em filmes precisam ter uma super camada de profundidade, mas O Senhor do Caos parece sempre querer falar mais do que a boca, jogando um discurso paradoxal, pois consegue ser simplório ao mesmo tempo que confuso.
Mas ele não é de todo mal. No começo, temos cenas muito bem feitas e filmadas, em especial uma discussão em que o ponto de vista mostra a barreira entre os dois personagens, ou até mesmo a colocando entre paredes para mostrar o quão afastado o personagem x está de y. Isso também se perde durante o longa, mas nada agravante.
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Essa ambientação hostil e estranha que o diretor William Brent Bell (A Orfã 2) é muito evidente, com acontecimentos que afetam a cidade toda ou atos fora do comum dos cidadãos. Porém, ela não surte efeito nenhum além do tédio e cansaço que o filme leva consigo.
Dessa forma, O Senhor do Caos é um filme que em seu pretensiosismo de querer abordar tudo, acaba o fazendo da forma mais superficial e tediosa possível.
“O Senhor do Caos” está disponível nos cinemas brasileiros.